Sessão do júri ocorreu na quinta, 13, e acolheu acusação da Promotoria
O mototaxista Samuel Ferreira Silva, 36 anos, foi condenado a 26 anos de reclusão pelo crime de feminicídio perpetrado contra Rayana Rocha Tomaz, 25. Ela foi morta com 23 facadas, no interior de um motel localizado no bairro da Pedreira, em Belém, na noite do dia 12 de junho de 2023. A sessão do júri ocorreu na última quinta-feira, 13, presidida pelo juiz Edmar Silva Pereira, titular do 1ª Vara do Tribunal do Júri de Belém.
A pena base aplicada ao condenado, de 28 anos, foi reduzida em menos dois, por ter o réu confessado o crime. Os 26 anos restantes devem ser cumpridos em regime fechado, tendo sido negado ao réu o direito de apelar em liberdade.
A decisão acolheu a acusação feita pelo promotor de Justiça Gerson Daniel da Silveira. Os(as) advogados(as) Romulo Palha Rosas Novaes e Aline Martins Rodrigues promoveram a defesa do acusado, sustentando que não se tratava de crime de feminicídio, já que a vítima não teria relação familiar e doméstica com o réu. A tese, no entanto, não foi acolhida.
O júri começou por volta das 8h30, com oitivas de testemunhas (no total de dez depoimentos), cinco delas da acusação, que relataram desconhecer qualquer relacionamento afetivo entre réu e vítima. À época, Rayana tinha dois filhos, de 6 e 9 anos de idade.
Confissão – Em interrogatório, o réu admitiu ter desferido as facadas na vítima, alegando que a faca era dela. Ele contou que, após terem relações sexuais, houve um desentendimento entre eles. Rayana teria sacado a faca da bolsa, chegando a feri-lo. Ele assumiu que, nesse momento, “sentiu muito ódio da mulher”, que o ofendia verbalmente. Após esfaqueá-la, ele tentou tirar a própria vida.
Informações constantes no processo dão conta que a vítima estava separada do companheiro havia dois meses. Nesse período, ela iniciou um relacionamento com o réu. Segundo relatos de testemunhas, o casal chegou ao motel por volta das 20h. Ele dirigia um táxi. Uma hora depois de estarem alojados em uma das suítes, funcionários do estabelecimento ouviram gritos e pedidos de socorro, acionando a Polícia Militar.
A guarnição que estava próxima foi até o local e, de posse de uma cópia da chave do quarto onde o casal estava, encontrou a vítima caída no chão, despida e ensanguentada. Ao lado dela, o homem, também despido, segurava uma faca e tentava se autolesionar.
Os policiais retiraram a faca do acusado, que foi conduzido numa ambulância até o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, onde recebeu curativos e foi liberado em seguida. Rayana não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
TJPA